Páginas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Assassinos Escondidos

Autor: Robert Wilson
Titulo Original: Hidden Assassins
Tradução: Certas Palavras, Lda.
Páginas: 417
ISBN: 978-972-20-3279-7
Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Robert Wilson nasceu em 1957. Licenciado pela Universidade de Oxford, trabalhou em navegação e publicidade em Londres e comércio em África. É autor de vários romances, incluindo O Último Acto em Lisboa, com o qual obteve o Gold Dagger Award para o melhor romance policial. O Cego de Sevilha e As Mãos Desaparecidas, anteriormente publicados na Dom Quixote, são dois êxitos assinaláveis que definitivamente o consagram como um nome maior na cena literária contemporânea.
Sinopse
Enquanto o inspector Javier Falcón investiga um cadáver mutilado e sem rosto, horrendo, encontrado numa lixeira municipal, a encantadora cidade de Sevilha é abalada por uma explosão enorme, que tem efeitos devastadores num prédio de apartamentos e também num jardim-de-infância vizinho. Descobre-se, depois, que na cave do prédio existia uma mesquita, e claro que todos se sentem apavorados com a ideia de uma ameaça terrorista. O calor denso do Verão sevilhano está no seu auge. O terror invade a vida quotidiana, mas, numa cidade em alerta vermelho, Falcón percebe que nem tudo é o que parece. E, quando sabe que lhe falta muito pouco para resolver aquele caso, é confrontado com uma descoberta realmente assustadora. É que talvez não vá a tempo de evitar uma catástrofe gigante, que ultrapassa as fronteiras de Espanha.
Opinião
Robert Wilson consegue com Assassinos Escondidos, escrever um excelente policial em que as personagens têm uma vida além dos acontecimentos principais do livro, e na minha opinião esta é a principal diferença para outras obras do género. A ideia base não é algo de novo, um prédio em Sevilha, no qual a cave serve como mesquita, é alvo de um atentado terrorista à bomba. A acção desenrola-se nesta cidade do sul de Espanha, e tem como fio condutor a investigação policial liderada pelo inspector Javier Falcón. Até aqui nada difere de muitos outros policiais, mas o autor consegue inserir tramas paralelas dos personagens principais que complementam de uma forma inteligente a história principal. Com uma escrita estimulante, Robert Wilson consegue prender o leitor às páginas do livro, que só o consegue largar após a sua leitura total. Não fosse o final ficar uns furos abaixo da restante obra, e estaríamos perante um policial soberbo. Mesmo assim um bom livro para a generalidade dos leitores, e especialmente para os amantes do género. 
4/5

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nova Aquisição

O Príncipe das Marés

Autor: Pat Conroy
Titulo Original: The Prince of Tides
Tradução: Elizabeth Larrabure Costa Correa
Páginas: 461
ISBN: 972-42-0592-4
Editora: Círculo de Leitores

Autor
Pat Conroy nasceu em Atlanta, na Geórgia, em 1945. Autor de nove romances, muitos dos quais adaptados ao cinema, conheceu a consagração mundial com livros como O Príncipe das Marés (1986) ou Beach Music (1995). O Primeiro Verão das Nossas Vidas surgiu depois de um interregno de 14 anos sem publicar ficção e os respectivos direitos de tradução foram já cedidos para 17 países.
Sinopse
Pat Conroy consegue neste livro manter o leitor "agarrado " à leitura já que a sua escrita é bastante atractiva e interessante. A história centra-se na família Wingo. Deixando para trás a beleza selvagem da Carolina do Sul, Tom Wingo parte para Nova Iorque onde sua irmã, Savannah, se encontra internada num hospital para doentes mentais, devido a uma tentativa de suicídio. Aí conhece Susan, psiquiatra, com quem irá procurar os motivos que conduziram a sua irmã a este estado. Perseguido por recordações de infância que julgara ter conseguido esquecer, Tom, apaixonado por Susan, revela-lhe, um a um, os sonhos e pesadelos da sua juventude e os inconfessáveis segredos da família Wingo... Uma fantástica narrativa que não se consegue parar de ler, com descrições pormenorizadas que nos fazem "viver" intensamente a acção... Foi posteriormente adaptado ao cinema por Barbara Streisand e recebeu 7 nomeações para o Óscar. Cativante, emocionante e imperdível!
Opinião
O Príncipe das Marés é o típico livro em que o resumo induz o leitor em erro. Foi a quarta vez que peguei nesta obra, pois o inicio do livro e a sua sinopse sugeriam uma leitura ligth e romântica, da qual não sou propriamente fã. Qual não foi a minha surpresa quando após as primeiras oitenta páginas, verifiquei estar perante uma obra muito mais complexa e interessante. A história incide sobre a família Wingo e as suas vivências, contada por Tom Wingo a Susan, psiquiatra da sua irmã Savannah, que estava internada por tentativa de suicídio. De forma a ajudar Susan com o tratamento da sua irmã, Tom tem que descer até aos medos e traumas mais profundos da família, resultando assim um livro muito intenso que prende o leitor de forma formidável. Com uma escrita atractiva e uma história magnificamente contada, Pat Conroy consegui uma obra fascinante. A melhor leitura do ano até ao momento, recomendo vivamente.
5/5

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nova Aquisição

Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos

Autor: Ana Paula Tavares
Páginas: 44
Depósito Legal: 321 329/10
Editora: Editorial Caminho

Autor
Ana Paula Tavares nasceu na Huíla, sul de Angola, em 1952. É historiadora com doutoramento em História e Antropologia. Em Angola, publicou Ritos de Passagem (1985) e em Cabo Verde, O Sangue da Bunganvília (1998). Em Portugal publicou, de poesia: O Lago da Lua (1999), Dizes-me Coisa Amargas Como os Frutos (2001), Ex-Votos (2003) e Manual Para Amantes Desesperados (2006). Publicou ainda A Cabeça de Salomé (Crónica, 2004) e Os Olhos do Homem que Chorava no Rio (Prosa, 2005 – em parceria com Manuel Jorge Marmelo). Tem também publicados estudos sobre História de Angola e está presente em diversas antologias em Portugal, Brasil, França, Alemanha, Espanha e Suécia.
 Sinopse
A calma poesia da angolana Ana Paula Tavares, que nos deixa na língua e nos olhos os sabores e as cores da sua terra. Sente-se o cheiro também… Muito particular, muito misteriosa, muito feminina… São poemas da guerra que inquieta e desespera as mulheres e as mães, que lhes deixa a alma dolorida e o corpo seco, que lhes tira os filhos. São os deuses que se invocam com palavras humanas. É o Amado que lhe deixa o corpo de mulher vazio. E assim cresce a cada momento a voz intensa das suas palavras.
Opinião
Conjunto de poemas sobre África, mais propriamente Angola, o seu povo, os seus costumes, crenças e formas de viver. Em Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos, Ana Paula Tavares desenha cenários de ausência, saudade e desespero, usando para isso a linguagem nativa, com todas as suas particularidades. Não consegue cativar o leitor, pois apresenta uma linguagem muito própria e conjuntamente com frases difusas, leva a poemas confusos e desconexos.
1/5

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Nova Aquisição

Um Quarto Com Vista

Autor: Edward Morgan Forster
Titulo Original: A Room with a View
Tradução: Manuel de Seabra
Páginas: 221
ISBN: 84-8130-555-3
Editora: Público

Autor
Edward Morgan Forster (1879-1970) nasce em Londres no seio de uma família abastada. Estuda em Cambridge onde obtém a licenciatura em História e Clássicas. Em 1901 inicia uma viagem durante a qual visita a Itália, país onde virá a nascer a sua vocação de escritor e o embrião do romance Um Quarto Com Vista. A publicação das suas obras granjeia-lhe notoriedade junto do público e dos círculos literários; insere-se no grupo de Bloomsbury, ponto de encontro dos mais conhecidos intelectuais anti-conformistas do tempo. Reiteradas estadias na Índia inspiram-lhe o romance Passagem Para a Índia. Considerado um mestre do pensamento progressista e liberal, é eleito presidente do National Council for Civil Liberties em 1934. Continua a fazer longas viagens, escreve ensaios, dá conferências e recebe em 1969 a Order of Merit, uma das maiores condecorações britânicas. Romances e contos: Where Angels Fear to Tread (1905), The Longest Journey (1907), Um Quarto Com Vista (1908), A Mansão (1910), The Celestial omnibus and Other Stories (1911), Passagem Para a Índia (1924), Maurice (1971, póstumo), The Life to Come and Other Stories (1972, póstumo). Ensaios: Aspects of the Novel (1927), Two Cheers for Democracy (1951).
Sinopse
Um Quarto Com Vista narra a história de Lucy, uma jovem da alta burguesia inglesa em viagem turística por Itália. Em Florença, junto da pensão em que se encontra alojada, conhece George, um seu compatriota simples. Durante um passeio, tendo como cenário uma luminosa Primavera italiana, o jovem beija subitamente Lucy, deixando-a surpreendida e emocionada. De regresso a Inglaterra, a rapariga deve retornar e adaptar-se ao ambiente puritano e formal que a circunda, mas algo aconteceu em Itália que deixou marcas e que consegue prevalecer: Lucy abriu os olhos para a vida e iniciou um processo de emancipação. O chamamento do amor e dos sentimentos, nascido nos radiosos campos da Toscânia é mais forte que as convenções sociais.
Opinião
Um Quarto Com Vista retrata de forma extraordinária a estratificação social inglesa do inicio do séc. XX, com todos os seus preconceitos e maneirismos. O autor foca-se igualmente no comportamento (nem sempre socialmente aceitável) dos turistas ingleses em Itália, e principalmente na luta interior entre o que a sociedade espera de uma jovem de classe média, Lucy, e o que a mesma começa a sentir como o que mais deseja e a possibilidade de pensar pela sua própria cabeça. Edward Morgan Forster nem sempre consegue agarrar o leitor, pois muitas vezes utiliza diálogos um pouco confusos e uma linguagem cuidada, mas difusa. Uma obra que se lê com alguma facilidade, com vários pontos interessantes, mas que não consegue entusiasmar.
3/5

domingo, 14 de agosto de 2011

Nova Aquisição

Efeito Borboleta e Outras Histórias

Autor: José Mário Silva
Páginas: 170
Depósito Legal: 321 328/10
Editora: Oficina do Livro

Autor
José Mário da Silva nasceu a 2 de Março de 1972, em Paris. Licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, trocou os laboratórios pelas redacções dos jornais ainda antes de terminar o curso. Jornalista desde 1993, trabalhou 14 anos no Diário de Notícias, onde foi editor adjunto do suplemento «DNA» e da secção de Artes. Pelo meio, fez parte da equipa que realizou dois programas televisivos emitidos na RTP2 («Portugalmente» e «Juízo Final»). Traduziu algumas obras do francês e é autor do livro de poemas Nuvens & Labirintos (2001), obra vencedora do Prémio Literário Cidade de Almada. Actualmente, é crítico literário do Expresso e colaborador permanente da revista Ler. Escreve diariamente sobre livros e literatura no blogue Bibliotecário de Babel. Vive em Lisboa, no topo de uma das sete colinas. É casado e pai de dois filhos.
 Sinopse
Uma borboleta a bater as asas na Amazónia pode provocar um tornado no Texas? Sim, mas também um sismo na Gronelândia, um engarrafamento no IC-19 ou a paralisia total de um homem demasiado consciente dos seus gestos. A complexidade do mundo é feita de milhares de causas e consequências, acasos fabulosos, desenhos que emergem do caos, invisíveis teias que unem pessoas, factos e histórias aparentemente sem qualquer vínculo entre si. Os contos muito breves de José Mário Silva procuram reflectir essa complexidade em poucas páginas ou numa frase apenas, levando até ao limite o espírito de síntese e a depuração estilística. Nestas narrativas, há de tudo: sonhos, vinganças, melancolia, traições, amores funestos (muitos), amores felizes (poucos), segredos, epifanias, pastiches, homenagens, inquietações, brincadeiras meta-literárias, momentos musicais, prosas clássicas, lirismos. Efeito Borboleta e outras histórias é um livro para ler como quem espreita num caleidoscópio. Ou como quem entra num labirinto habitado por Borges, Monterroso ou Calvino. E de onde, voluntariamente, não se quer fugir.
Opinião
Conjunto de pequenos contos, narrativas e pensamentos que guiam o leitor ao longo de uma imensa panóplia de temas. Com uma escrita nem sempre linear e simples, perde-se muitas vezes o sentido e o significado dos textos. Apresenta algumas reflexões interessantes, mas não vai mais além. Só não torna a leitura por vezes enfadonha porque os textos são breves. Não entusiasma.
2/5

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A Seara Vermelha

Autor: Jorge Amado
Páginas: 304
ISBN: 972-1-01645-4
Editora: Publicações Europa-América

Autor
Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Nasceu no interior da Bahia, em 1912. No ano seguinte ao de seu nascimento, uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus, onde viveu a maior parte da infância que serviu-lhe de inspiração para vários romances. Foi jornalista, e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. São temas recorrentes nas suas obras: os problemas e injustiças sociais, folclore, a política, crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro. As suas obras são das mais significativas da ficção moderna brasileira, com 49 livros, propondo uma literatura voltada para as raízes nacionais. Foi casado com Zélia Gattai, também escritora e que o sucedeu na Academia Brasileira de Letras. Com ela teve dois filhos: João Jorge e Paloma. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948 a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos de autor dos seus livros. A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão. Os seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em Braille e em áudio para cegos. Recebeu inúmeros prémios internacionais e é ainda o autor brasileiro mais publicado em todo o mundo. Algumas das suas obras: O país do carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), Mar Morto (1936), Capitães da Areia (1937), Terras do Sem Fim (1943), São Jorge dos Ilhéus (1944), Seara Vermelha (1946), Gabriela, Cravo e Canela (1958), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), Tenda dos Milagres (1969), Tocaia Grande (1984).
Sinopse
Seara Vermelha é a história da tragédia do latifúndio no campo nordestino, a epopeia da luta dos sertanejos contra as agruras da natureza ingrata e a prepotência dos senhores da terra. Seara Vermelha é todo o sertão de beatos, dos bandidos rurais, do cangaço, da dor e da esperança, fixada por Jorge Amado em páginas inesquecíveis que têm comovido milhões de leitores em todo o mundo. A longa viagem duma família sertaneja que foge do Nordeste da miséria para São Paulo, a cidade da abundância, constitui o eixo à volta do qual se constrói a primeira parte do romance. A segunda é ocupada pela história dos filhos dessa família: o cangaceiro, o soldado de polícia e o revolucionário. Traduzido em mais de vinte línguas, Seara Vermelha constitui certamente um dos pontos mais altos da novelística amadiana.
Opinião
Jorge Amado transporta-nos para a vida e luta dos habitantes do sertão. Usando como exemplo uma família nordestina que fica sem terra para cultivar e empreende uma viagem rumo a São Paulo na esperança de encontrar uma vida melhor. Mas a viagem é dura e vai deixar muitas marcas… O autor conta-nos a historia dos sertanejos em duas partes: a primeira relata a viagem da família até São Paulo e a segunda a vida dos três filhos da família que anteriormente tinham abandonado a fazenda. Com a sua linguagem simples e tradicional, Jorge Amado escreve sobre a luta e a sobrevivência de um povo, com todas as suas tristezas e alegrias (muito poucas). Uma obra de grande qualidade, onde pontificam alguns dos temas recorrentes na sua obra: a fome, a luta do povo, o comunismo, a religião e a prepotência dos donos da terra. Faz lembrar nos temas e em descrições obras como “As Vinhas da Ira” de John Steinbeck e “Levantado do Chão” de José Saramago. Leitura altamente recomendada.
4/5

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Reflexões

Fatalidade
“O rosto que mereces está sempre noutro espelho”
José Mário Silva, “Efeito Borboleta e Outras Histórias”

Luz Indecisa

Autor: José Mário Silva
Páginas: 52
Depósito Legal: 321 328/10
Editora: Oceanos

Autor
José Mário da Silva nasceu a 2 de Março de 1972, em Paris. Licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, trocou os laboratórios pelas redacções dos jornais ainda antes de terminar o curso. Jornalista desde 1993, trabalhou 14 anos no Diário de Notícias, onde foi editor adjunto do suplemento “DNA” e da secção de Artes. Pelo meio, fez parte da equipa que realizou dois programas televisivos emitidos na RTP2 (“Portugalmente” e “Juízo Final”). Traduziu algumas obras do francês e é autor do livro de poemas Nuvens & Labirintos (2001), obra vencedora do Prémio Literário Cidade de Almada. Actualmente, é crítico literário do Expresso e colaborador permanente da revista Ler. Escreve diariamente sobre livros e literatura no blogue Bibliotecário de Babel. Vive em Lisboa, no topo de uma das sete colinas. É casado e pai de dois filhos.
 Sinopse
52 Páginas de poemas sobre épocas, cidades, sentimentos e emoções.
Opinião
Conjunto de poemas divididos em três grandes temas: Anos 80, Geografia Humana e Néon, Negrume. O primeiro conjunto de poemas fez-me relembrar os tempos da minha infância, com poemas maravilhosos, como: “Recreio”, “México 86” e “Escola Secundária”. Os outros dois temas, são mais intimistas e obscuros, não me agradando tanto como o inicial. Um pequeno livro, que se lê rapidamente e que me trouxe agradáveis recordações (poemas Anos 80).
2/5