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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Olhos Verdes

Autor: Luísa Costa Gomes
Páginas: 191
ISBN: 84-96075-07-9
Editora: Público

Autor
Luísa Costa Gomes pertence à geração que frequentava a universidade quando o regime salazarista foi derrubado dando lugar ao surgimento de uma nova sociedade, com novas preocupações e novas sensações. Ao contrário de outros escritores actuais que optaram por espelhar essa transição, Luísa Costa Gomes centra o seu maior interesse nessa nova sociedade emergente. Nascida em 1954, estudou filosofia, disciplina em que obteve a sua licenciatura. A sua formação filosófica aparece claramente num dos capítulos de Olhos Verdes. Tem cultivado o teatro, o romance, os contos, desenvolvendo também a actividade de argumentista. Entre os seus romances, livros de contos e obras de teatro contam-se: Treze Contos de Sobressalto (1981), Arnheim & Desireé (1983), O Gémeo Diferente (1984), O Pequeno Mundo (1988), Vida de Ramón (1991), Nunca Nada de Ninguém (1991), Ubardo, Minha Austrália (1993), Clamor (1994), Olhos Verdes (1994), Educação para a Tristeza (1998) e Contos Outra Vez.
Sinopse
Olhos Verdes trata da aparência e do acaso. Os seus personagens fazem parte do mundo das aparências: trabalham em profissões ou têm inclinações eu implicam uma evasão da realidade: Paulo Levi é modelo de roupa interior; Eva Simeão é viciada em TV; o seu ex-marido, Paulo Mateus, deslumbrou-se com a América, que é “outro mundo”; João Baptista Daniel é director de marquetingue; Beatriz, sua mulher, é revisora gráfica; as irmãs Fonseca, Maria do Céu e Maria das Dores, oscilam entre o esteticismo e o esoterismo; Ísis, amiga de Eva, dedica-se ao disaine; Lourenço é fotógrafo; Anadir é a rainha dos jingles publicitários… Com todos eles, Luísa Costa Gomes pinta um nervoso retrato dos seres da sociedade contemporânea, que se entrecruzam casualmente e se evadem da realidade. Um longo capítulo dedicado a George Berkeley, o filósofo britânico que tentou demonstrar que a realidade material só existe na percepção que temos dela, tenta enquadrar a narrativa numa moldura teórica. Luísa Costa Gomes criou um romance dinâmico, interessante e cheio de humor.  
Opinião
 Nesta obra, a autora proporciona ao leitor uma visão da sociedade contemporânea através do mundo material e da aparência. Luísa Costa Gomes, através de um conjunto de personagens com profissões ligadas ao mundo da imagem, explora sentimentos e desejos que aparentemente não estão visíveis. Com uma primeira parte da história bem conseguida, através de bons diálogos e com muito humor (embora a estranheza do aportuguesamento de expressões estrangeiras), a segunda metade da obra decai muito de qualidade. O capítulo dedicado a George Berkeley, tem o intuito de enquadrar teoricamente a narrativa, mas torna-se despropositado devido à sua grande extensão e elevada linguagem técnica. O final da obra é completamente desconexo com o restante. Um livro que tinha tudo para ser uma obra interessante, não conseguindo manter o ritmo inicial, torna-se demasiado enfadonha para poder agradar.
2/5

domingo, 4 de setembro de 2011

A Cabeça de Salomé

Autor: Ana Paula Tavares
Páginas: 144
Depósito Legal: 321 329/10
Editora: Editorial Caminho

Autor
Ana Paula Tavares nasceu na Huíla, sul de Angola, em 1952. É historiadora com doutoramento em História e Antropologia. Em Angola, publicou Ritos de Passagem (1985) e em Cabo Verde, O Sangue da Bunganvília (1998). Em Portugal publicou, de poesia: O Lago da Lua (1999), Dizes-me Coisa Amargas Como os Frutos (2001), Ex-Votos (2003) e Manual Para Amantes Desesperados (2006). Publicou ainda A Cabeça de Salomé (Crónica, 2004) e Os Olhos do Homem que Chorava no Rio (Prosa, 2005 – em parceria com Manuel Jorge Marmelo). Tem também publicados estudos sobre História de Angola e está presente em diversas antologias em Portugal, Brasil, França, Alemanha, Espanha e Suécia.
 Sinopse
"Deslizar os dedos por manuscritos antigos"; é o que fazem as vozes enunciadoras das crónicas de A Cabeça de Salomé, cujo corpo poético apreende, por entre o fluir de sons, tradições, cheiros e sabores, a arquitectura insondável dos mistérios da vida, da terra, da magia das letras do mundo angolano de Paula Tavares. Palavras borbulham, transgressoras, no avesso do mito bíblico subvertido: é a cabeça de Salomé a ofertada, mas num cesto cokwe... Tecido por intenso erotismo da linguagem, novos olhares femininos se impõem, seja pela saudade amorosa do velho Kinaxixe, seja pela cartografia dos sonhos de Felícia, seja ainda pela crítica à demolição do palácio de Ana Joaquina. Este livro trata, em última instância, da sedução: da mulher, da terra, da palavra. Merece ser lido, em silêncio, como num ritual de amanhecer...
Opinião
A Cabeça de Salomé reúne um conjunto de contos/crónicas da angolana Ana Paula Tavares, e tem como base as tradições e costumes do país de origem da autora. Com uma visão essencialmente feminista do dia-a-dia da população angolana com as suas crenças e ditados, a obra tenta transmitir todo o sofrimento e angustia do povo angolano dos pós-guerra. Com um estilo algo complexo e confuso, termos e dialectos muito específicos, Ana Paula Tavares, nem sempre consegue o seu objectivo com a clareza necessária.
2/5