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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sonetos Românticos

Autor: Natália Correia
Páginas: 50
Depósito Legal: 321 327/10
Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Natália Correia nasceu em São Miguel, a 13 de Setembro de 1923, e faleceu em Lisboa, a 16 de Março de 1993. Foi uma intelectual, poetisa e activista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.
Sinopse
“Não ofendas a Santa Sabedoria
julgando de ânimo leve o Romantismo.
Humildemente nele escuta as vozes
que te dizem:
O itinerário é interior.
Assim dispõem as Leis do Amor
encontradas no ramo de ouro
da acácia onde pousou a Pomba.”
Opinião
Nesta obra encontram-se compilados sonetos (“Visando a Unidade, o soneto é o ouro da culminação da Obra Poética.”) de cariz romântico, uma das características da autora. Podemos encontrar poemas como: “Rogando à musa que torne claro o coração obscuro”, “Do amor que acorda o espírito que dorme” e “Na câmara de reflexão”. Como já referi neste blog, a poesia não é o estilo literário que mais aprecie, sendo assim não obtive grande proveito na leitura desta obra, mas a mesma insere-se num perspectiva de diversificação de autores, obras e estilos.
2/5

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Os Anões

Autor: Harold Pinter
Titulo Original: The Dwarfs
Tradução: José Lima
Páginas: 254
Depósito Legal: 326734/11
Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Nascido em 1930, Harold Pinter começou por ser actor (com o nome de David Baron) e em 1957 escreveu a sua primeira peça de teatro, The Room. Autor fundamental do teatro contemporâneo, encenou e representou em algumas das suas mais de trinta peças, que foram traduzidas e representadas em todo o mundo. Entre as mais conhecidas, contam-se: Regresso a Casa, O Encarregado, Feliz Aniversário e Terra de Ninguém. Escreveu também argumentos de filmes como O Criado, O Acidente e O Mensageiro, de Joseph Losey, A Amante do Tenente Francês, de Karel Reisz, entre outros, incluindo a adaptação da sua peça Traições. Distinguido com inúmeros prémios internacionais, foi vencedor do Prémio Shakespeare (Hamburgo, 1970); Prémio Europeu de Literatura (Viena, 1973); Prémio Pirandello (Palermo, 1980) e o Prémio Nobel da Literatura em 2005.
Sinopse
Os Anões é o único romance que Harold Pinter escreveu durante a sua longa e notável carreira, coroada em 2005 com atribuição do Prémio Nobel. Originalmente concluído em começos da década de 1950, depois revisto em 1989, o livro descreve as vidas e preocupações de quatro jovens londrinos na Inglaterra do pós-guerra. Através da evolução da sua amizade tumultuosa e destrutiva, Pinter explora o modo com as vidas comuns são moldadas pelas limitações e fronteiras da sexualidade, da intimidade e da moralidade, ao mesmo tempo põe a nu profundas verdades existentes em acontecimentos aparentemente correntes.
Opinião
Não foi certamente esta obra que mais pesou na decisão do júri para a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Harold Pinter em 2005. Os Anões tenta descrever a vida de quatro jovens em Londres após a Segunda Guerra Mundial, explorando a sua amizade e as suas ligações. Harold Pinter procura realizar o seu intento, através de longos diálogos entre as personagens, tornando o livro à primeira vista menos maçudo e de mais fácil leitura. O problema do autor é que os diálogos são extremamente confusos e desconexos, não permitindo que a narrativa seja, por várias vezes perceptível. Uma obra que não apresenta conteúdo palpável, apenas diálogos, na sua maioria, sem sentido e direcção. Leitura que não deixa qualquer saudade.
1/5

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Psicanalista

Autor: John Katzenbach
Titulo Original: The Analyst
Tradução: José Pinto de Sá
Páginas: 488
ISBN: 978-989-626-056-9
Editora: A Esfera dos Livros

Autor
John Katzenbach vive em Massachusetts, Estados Unidos da América. Foi repórter judicial dos jornais The Miami Herald e do Miami News. Antes de publicar O Psicanalista, já tinha editado sete romances, todos eles com enorme sucesso. O seu mais recente livro intitula-se The Madman’s Tale.
Sinopse
“Um 53º aniversário muito feliz, senhor doutor. Seja bem-vindo ao primeiro dia da sua morte.” O psicanalista nova-iorquino Frederick Starks acaba de receber uma misteriosa e ameaçadora carta. Sem perceber como, nem porquê, a sua vida rotineira é lançada ao caos. Encontra-se no centro de um jogo diabólico, concebido por um homem que se intitula Rumplestiltskin. Este jogo tem as suas regras: no prazo de duas semanas Starks tem que descobrir a verdadeira identidade do autor da carta e a razão da sua fúria. Se conseguir, fica livre. Se não, Rumplestiltskin destruirá, um a um, os seus parentes mais queridos, a menos que o psicanalista aceite suicidar-se. “Uma coisa pode ter a certeza. A minha fúria não conhece limites.” Ignorar a ameaça não é uma opção. Starks entra numa autêntica corrida contra o tempo, onde se vê à mercê do perverso jogo de vingança de um psicopata que controla as suas contas bancárias, os seus pacientes, a sua casa e a sua reputação. Nada nem ninguém está a salvo.
Opinião
O Psicanalista foi um daqueles (raros) livros que me entusiasmou pela sua sinopse, a mesma prometia um policial cheio de acção, mistério e emoção. Nem sempre as promessas são cumpridas, e John Katzenbach que tinha uma excelente base para escrever um magnifico thriller, deixou-se levar mais pelo lado existencial da trama, esquecendo o ritmo necessário para cativar o leitor. A procura do doutor Frederick Starks pela identidade da ameaça personificada pelo homem intitulado Rumplestiltskin, é essencialmente uma busca interior, com um ritmo lento e por vezes enfadonho. Uma obra que tinha tudo para ser um excelente policial, transforma-se numa narrativa extensa de registo freudiano, contando-se pelos dedos as passagens de acção. Grande desilusão.
2/5

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Primeiro Aniversário

Um ano depois do inicio desta aventura, este blog tem funcionado essencialmente como arquivo das minhas leituras e aquisições de livros. É evidente que a perspectiva inicial era que o Caderno Preto fosse algo mais, além de mero registo das obras absorvidas, mas nem sempre a sociedade (trabalho e família) nos deixa o tempo necessário para tal. Nestes primeiros 365 dias ficaram algumas (talvez muitas) mensagens por publicar e outros aspectos da literatura por abranger, mas após 106 mensagens publicadas e cerca de 4600 visitas (os comentários é que realmente ficaram aquém do previsto), não posso considerar que as expectativas tenham sido goradas. Espero no próximo ano ter mais disponibilidade para poder continuar a registar as opiniões dos livros que vou lendo, mas também diversificar as matérias publicadas no blog. Boas Leituras!

domingo, 6 de novembro de 2011

A Mancha Humana

Autor: Philip Roth
Titulo Original: The Human Stain
Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues
Páginas: 377

ISBN: 978-972-20-2577-5

Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Philip Roth, nasceu a 19 de Março de 1933, na cidade de Newark, no estado de Nova Jérsia. É um romancista norte-americano de origem judaica, considerado um dos maiores escritores norte-americanos da segunda metade do século XX. É conhecido sobretudo pelos romances, embora também tenha escrito contos e ensaios. Entre as suas obras mais conhecidas encontra-se a colecção de contos Goodbye, Columbus (1959), a novela O complexo de Portnoy (1969), e a sua trilogia americana, publicada na década de 1990, composta pelas novelas Pastoral Americana (1997), Casei com um comunista (1998) e A Mancha humana (2000).
Sinopse
Coleman Silk tem um segredo. Mas não se trata do segredo do caso que mantém, aos setenta e um anos, com uma mulher com metade da sua idade e um passado brutalmente devastado. Também não é o segredo do alegado racismo de Coleman, pretexto para a caça às bruxas desencadeada pela universidade e que lhe custou o emprego e, na sua opinião, lhe matou a mulher. O segredo de Coleman foi guardado durante cinquenta anos: oculto da sua mulher, dos seus quatro filhos, dos seus colegas e dos seus amigos, incluindo o escritor Nathan Zuckerman que – após a morte suspeita de Coleman, com a amante, num desastre de automóvel – resolve compreender como é que aquele homem eminente e íntegro, apreciado como educador durante quase toda a sua vida, forjou a sua identidade e como essa vida tão cuidadosamente controlada acabou por ser deslindada.
Opinião
A Mancha Humana é uma das obras-primas da literatura moderna americana e mundial. Uma obra intensa que mexe com os sentidos e sentimentos dos leitores, que retrata de forma magistral a sociedade americana do final do século XX. Philip Roth consegue, através da história da vida de Coleman Silk, focar alguns dos aspectos que marcaram os americanos ao longo de várias épocas, como são: o racismo, os traumas de guerra, a ambição e as relações pessoais. Escrito de uma forma magnífica, este romance é completamente absorvente e avassalador. Um dos melhores livros que li até hoje, altamente recomendado.
5/5

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Eterno Efémero

Autor: Urbano Tavares Rodrigues
Páginas: 150
ISBN: 978-972-20-3043-4
Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Urbano Tavares Rodrigues não é apenas o grande escritor do Alentejo, das suas gentes e das suas paisagens, é também o romancista e contista de Lisboa e de outras atmosferas cosmopolitas que, como jornalista e professor universitário, bem conheceu, viajando por todo o mundo. Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, membro da Academia das Ciências (Secção de Letras), tem uma vasta obra literária e ensaística traduzida em inúmeros idiomas. Obteve diversos prémios entre eles, o de Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Fernando Namora e o Ricardo Malheiros da Academia de Ciências. Urbano Tavares Rodrigues, que foi afastado do ensino universitário durante a ditadura de Salazar e Caetano, participou activamente na resistência e foi preso e encarcerado várias vezes nos anos 60. O livro de contos A Última Colina é a sua obra mais recente.
Sinopse
Quatro mulheres e dois homens reúnem-se para jogos sexuais até que um deles morre, transformando todos os outros em suspeitos. Neste livro Urbano Tavares Rodrigues descreve, pela trama de um inquérito à volta deste crime, inquietações da vida burguesa de uma cidade que é Lisboa hoje. Diálogos quotidianos, teorias banais, confissões, conflitos de valores, o prazer, a violência e a morte embrulhados num erotismo explícito ou dissimulado, surgem nos interrogatórios do inspector, personagem central de O Eterno Efémero.
Opinião
O Eterno Efémero não tem pretensões a ser um marco da literatura moderna portuguesa, mas apresenta uma narrativa leve, sobre a uma classe social elevada, com todas os seus valores e interesses muito próprios. Tendo como base um inquérito judicial, o autor consegue através da personagem do inspector da judiciária, Moura Prata, transmitir ao leitor a complexidade das relações humanas e das motivações pessoais. Com diálogos triviais, conflitos de valores e a exposição dos meandros de um mundo de prazer e violência, este livro apresenta uma leitura fácil e entretida, mas sem ser nada mais que isso.
2/5

sábado, 15 de outubro de 2011

O Rapaz do Pijama às Riscas

Autor: John Boyne
Titulo Original: The Boy in the Striped Pyjamas
Tradução: Cecília Faria e Olívia Santos
Páginas: 176

ISBN: 978-972-41-5357-5

Editora: ASA
Autor
John Boyne nasceu a 30 de Abril de 1971 na Irlanda e reside na cidade de Dublin. Ensinou língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galardoado com o prémio Curtis Brown. Começou a escrever histórias aos 19 anos e teve o primeiro romance publicado dez anos depois. Trabalhou numa livraria dos 25 aos 32 anos. Boyne lançou recentemente o seu sétimo romance - The House of Special Purpose. Os seus romances foram publicados em 29 idiomas.
Sinopse
Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocausto. Ele não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim, para uma casa numa zona desértica, onde não há nada para fazer, nem ninguém com quem brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas. A amizade com Shmuel vai levar Bruno da doce inocência à brutal revelação. E ao descobrir aquilo de que, involuntariamente, também ele faz parte, Bruno vai, inevitavelmente, ver-se enredado nesse monstruoso processo.
Opinião
O Rapaz do Pijama às Riscas é um livro que retrata a amizade e a inocência em tempos de horror. John Boyne consegue, numa época de crueldade e terror, como foi a 2ª Guerra Mundial e em particular os campos de concentração, contar ao leitor uma história de amizade pura entre duas crianças, que supostamente nem se deveriam ter conhecido. Um livro enternecedor, que agarra o leitor de principio ao fim e não o deixa indiferente, conseguindo mesmo simultaneamente chocá-lo e comove-lo.
4/5

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Boneca de Luxo

Autor: Truman Capote
Titulo Original: Breakfast at Tiffany’s
Tradução: Margarida Vale de Gato
Páginas: 96
ISBN: 84-8130-556-1
Editora: Público

Autor
Truman Capote nasce em Nova Orleães em 1924 e morre em Los Angeles no ano de 1984. O sucesso sorriu-lhe quando era ainda muito jovem, graças ao romance Outras Terras, Outras Gentes (1948), e abriu-lhe as portas do cinema, para o qual intensamente trabalhou como argumentista. Excêntrico, homossexual assumido, em tempos decerto pouco propícios, frequentador irreverente e provocador do jet-set internacional e dos círculos intelectuais americanos, encontrava-se constantemente no centro das atenções, quer dentro quer fora do seu país, um pouco como consciência crítica e um pouco como descontraído bufão. Entre as obras narrativas merecem referência os contos de A Árvore da Noite (1949) e os romances A Harpa de Ervas (1951), Boneca de Luxo (1958), A Sangue Frio (1966), Música Para Camaleões (1980), Um Natal (1983), Súplicas Atendidas (inacabado, publicado postumamente em 1986). De assinalar ainda os ensaios Local Color (1950) e The Muses Have Heard (1957), para além da obra teatral A Casa das Flores (1954).
Sinopse
Holly Golightly, a extraordinária protagonista, é uma rapariga alegremente avessa às convenções sociais e às conveniências, que se orienta nas suas opções por uma profunda moralidade, feita de solidariedade, e de gestos generosos, de absoluta falta de malícia, e que, precisamente por isso, infringe as obtusas normas da moral burguesa. Com a pequena corte de indivíduos “esquisitos” de que se rodeia, constitui um núcleo que involuntariamente prefigura uma sociabilidade diferente, mais aberta e, afinal de contas, mais feliz. Mas o mundo que a circunda não aceita facilmente a sua ingénua atitude contra a corrente, e Holly será obrigada a pagar por isso: envolvida sem culpa numa questão de droga, acabará por se libertar, mas será abandonada pelo homem com quem estava para casar. E, todavia, o conformismo não triunfa, já que a rapariga parte, pronta a recomeçar a sua vida noutro lado, com uma carga vital quiçá acrescida.
Opinião
Boneca de Luxo foi escrita numa época em que o mundo se encontrava sob o espectro da guerra fria, mas já marcada por uma certa ânsia de liberdade e ruptura com os velhos costumes. Truman Capote, cujas características já apontavam para a excentricidade e o não conformismo, escreveu um romance que visava converter o velho modelo puritano de sociedade, num modelo de pura alegria e vitalidade. Consegue com esta obra, divertida e fascinante, uma critica aos velhos costumes e um hino a liberdade e espontaneidade. Um livro com cerca de uma centena de páginas que se lê com bastante agrado, mas que não se consegue diferenciar de muitas outras obras do género escritas nessa época.
2/5

domingo, 9 de outubro de 2011

As Noites das Mil e Uma Noites

Autor: Naguib Mahfuz
Titulo Original: Layali alf layla
Tradução: Cristina Rodriguez e Artur Guerra
Páginas: 253
ISBN: 84-96180-02-6
Editora: Diário de Noticias

Autor
Naguib Mahfuz (Cairo, 1911), o “escritor da alma perdida do Egipto”, é considerado o mais importante e reverenciado prosador árabe contemporâneo. O Beco dos Milagres, Trilogia do Cairo, Filhos do Nosso Bairro, são obras de carácter realista que reflectem a vida quotidiana da sua cidade natal. Outras, como O Ladrão e os Cães, A Codorniz e o Outono ou Miramar, são fábulas que insinuam uma significação transcendente. A sua última produção está constituída por relatos como: Lua de Mel, O Crime ou O Amor Sobre as Pirâmides.
Sinopse
Este romance começa precisamente onde acabam as As Mil e Uma Noites. O sultão, depois de ter ouvido as histórias de Xerazade, decide casar-se com ela. Todos crêem que, graças à sua habilidade como contadora de histórias, Xerazade salvou a sua própria vida e semeou o amor e a piedade no coração do sultão, pelo que, daí por diante, a paz e a harmonia reinariam no país. Contudo, a mudança foi apenas superficial e o sultão, afinal, continuou a desconhecer a compaixão, o amor e a justiça, mantendo-se um homem poderoso mas sem consciência. Como elevar a sua alma e ressuscitar-lhe a consciência? Só através de uma série de acontecimentos dilacerantes que lhe ensinarão o verdadeiro sentido do poder... Valendo-se dos recursos do mundo mágico de As Mil e Uma Noites, Mahfouz traça uma vigorosa alegoria, rica de magia, de pormenores, do fantástico mundo árabe antigo e contemporâneo, com todos os seus conflitos políticos e religiosos.
Opinião
Neste romance Naguib Mahfuz, constrói uma história tendo como base o final do livro As mil e Uma noites, e utilizando algumas das suas personagens, que conjuntamente com outras (algumas delas conhecidas de outras aventuras como é o caso de Sindbad e Aladino) compõem um quadro que visa retratar o mundo árabe. O autor aproveitou o mundo mágico resultante do livro de origem, com os seres do fantástico – os génios do Bem e do Mal, para através da população de um bairro típico árabe, com as suas ambições, medos e desejos, caracterizar os conflitos pessoais, religiosos e políticos. As noites das Mil e uma Noites espelha com mestria a capacidade de Mahfuz denunciar vícios contemporâneos (corrupção, homicídio, poder…), utilizando alegorias baseadas num mundo de magia. A obra é por vezes de difícil leitura devido à complexidade dos nomes de algumas personagens, mas que mesmo assim, consegue transmitir ao leitor uma imagem da sociedade árabe, muito diferente da ocidental e por isso mesmo muitas vezes incompreendida e rejeitada.
3/5

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Horas de Vidro


Autor: Urbano Tavares Rodrigues

Páginas: 103

Depósito Legal: 321 317/10

Editora: Publicações Dom Quixote


Autor

Urbano Tavares Rodrigues não é apenas o grande escritor do Alentejo, das suas gentes e das suas paisagens, é também o romancista e contista de Lisboa e de outras atmosferas cosmopolitas que, como jornalista e professor universitário, bem conheceu, viajando por todo o mundo. Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, membro da Academia das Ciências (Secção de Letras), tem uma vasta obra literária e ensaística traduzida em inúmeros idiomas. Obteve diversos prémios entre eles, o de Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Fernando Namora e o Ricardo Malheiros da Academia de Ciências. Urbano Tavares Rodrigues, que foi afastado do ensino universitário durante a ditadura de Salazar e Caetano, participou activamente na resistência e foi preso e encarcerado várias vezes nos anos 60. O livro de contos A Última Colina é a sua obra mais recente.

Sinopse

Conjunto da obra poética de Urbano Tavares Rodrigues desde 1947 a 2010.

Opinião

Em Horas de Vidro é compilada toda a obra poética do autor até ao presente. Sendo de notar que é a partir do ano 2005 que surge o maior número de poemas, que apresentam como paisagens, tanto o ambiente rural do Alentejo, como a vida urbana de Lisboa. Uma grande parte dos poemas tem como tema recorrente a luz, seja a mesma para descrever acontecimentos reais, estados de espírito ou mesmo imagens imaginárias. Um tipo literário não comum em Urbano Tavares Rodrigues, mas que se lê e aprecia de forma agradável.

2/5

sábado, 1 de outubro de 2011

Zorro - O Começo da Lenda

Autor: Isabel Allende
Titulo Original: El Zorro, Comienza la Leyenda
Tradução: J. Teixeira de Aguilar
Páginas: 443
ISBN: 972-29-0736-0
Editora: Difel

Autor
Isabel Allende, de nacionalidade chilena, nasceu em Lima, no Peru, em 1942. Jornalista desde os dezassete anos, iniciou em 1982, com A Casa dos Espíritos, uma brilhante carreira que a converteu na romancista latino-americana mais lida do mundo. Entre as suas obras destaca-se, além da citada, De Amor e Sombra, Eva Luna, Os Contos de Eva Luna, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, A Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, O Meu País Inventado, Zorro e Inês da Minha Alma.
Sinopse
Nascido no sul da Califórnia no século XVIII, Diego de la Vega é um rapaz preso entre dois mundos. O pai, um militar aristocrata espanhol, é um importante latifundiário. A mãe, por outro lado, é uma guerreira da tribo indígena Shoshone. Da avó materna, Coruja Branca, aprende os costumes da sua gente, enquanto do pai aprende a arte da esgrima e como marcar o gado. Durante a infância, cheia de traquinices e aventuras, Diego é testemunha das brutais injustiças que os indígenas norte-americanos enfrentam pela parte dos colonos europeus, e sente pela primeira vez um conflito interior em relação à sua herança. Aos 16 anos, Diego é enviado a Barcelona para receber uma educação europeia. Num país oprimido pela corrupção do domínio Napoleónico, o jovem decide seguir o exemplo do seu célebre professor de esgrima, e adere “À Justiça”, um movimento clandestino de resistência, que se dedica a ajudar os pobres e indefesos. Imerso num mundo de um ambiente de revolta e desordem, enfrenta pela primeira vez um grande rival que vem de um mundo de privilégio. Entre a Califórnia e Barcelona, o novo mundo e o velho continente, forma-se a personagem do Zorro, nasce um grande herói e começa a lenda. Depois de muitas aventuras – duelos ao amanhecer, violentas batalhas marítimas com piratas e resgates impossíveis – Diego de la Vega, conhecido também como Zorro, regressa à América para reclamar a propriedade onde cresceu, em busca de justiça para todos aqueles que não podem lutar por si próprios.
Opinião
Antes de começar a ler esta obra, estava curioso para ver como a autora tinha conseguido contar a história de Zorro (cujos traços principais são sobejamente conhecidos), mantendo o seu estilo narrativo. Isabel Allende, mais uma vez não desiludiu, pois narra o princípio da vida de Diego de la Vega até à idade adulta e a sua transformação na lenda do Zorro, sem perder os traços principais da sua escrita, baseada no sobrenatural, nas amores e agruras do povo da América do Sul. Este livro apresenta traços de outros autores como: Emilio Salgari - nas aventuras nos mares com piratas e Alexandre Dumas – com as intrigas da burguesia em Barcelona. A autora consegue de forma excelente enquadrar a história e os traços da lenda do Zorro, numa narrativa própria, com todas as suas características, e agarrar o leitor até ao fim da mesma. Não será o livro em que Isabel Allende se apresenta no seu expoente máximo enquanto contadora de histórias (como acontece no livro A Casa dos Espíritos), mas é uma belíssima obra, cuja leitura recomendo.
3/5

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Olhos Verdes

Autor: Luísa Costa Gomes
Páginas: 191
ISBN: 84-96075-07-9
Editora: Público

Autor
Luísa Costa Gomes pertence à geração que frequentava a universidade quando o regime salazarista foi derrubado dando lugar ao surgimento de uma nova sociedade, com novas preocupações e novas sensações. Ao contrário de outros escritores actuais que optaram por espelhar essa transição, Luísa Costa Gomes centra o seu maior interesse nessa nova sociedade emergente. Nascida em 1954, estudou filosofia, disciplina em que obteve a sua licenciatura. A sua formação filosófica aparece claramente num dos capítulos de Olhos Verdes. Tem cultivado o teatro, o romance, os contos, desenvolvendo também a actividade de argumentista. Entre os seus romances, livros de contos e obras de teatro contam-se: Treze Contos de Sobressalto (1981), Arnheim & Desireé (1983), O Gémeo Diferente (1984), O Pequeno Mundo (1988), Vida de Ramón (1991), Nunca Nada de Ninguém (1991), Ubardo, Minha Austrália (1993), Clamor (1994), Olhos Verdes (1994), Educação para a Tristeza (1998) e Contos Outra Vez.
Sinopse
Olhos Verdes trata da aparência e do acaso. Os seus personagens fazem parte do mundo das aparências: trabalham em profissões ou têm inclinações eu implicam uma evasão da realidade: Paulo Levi é modelo de roupa interior; Eva Simeão é viciada em TV; o seu ex-marido, Paulo Mateus, deslumbrou-se com a América, que é “outro mundo”; João Baptista Daniel é director de marquetingue; Beatriz, sua mulher, é revisora gráfica; as irmãs Fonseca, Maria do Céu e Maria das Dores, oscilam entre o esteticismo e o esoterismo; Ísis, amiga de Eva, dedica-se ao disaine; Lourenço é fotógrafo; Anadir é a rainha dos jingles publicitários… Com todos eles, Luísa Costa Gomes pinta um nervoso retrato dos seres da sociedade contemporânea, que se entrecruzam casualmente e se evadem da realidade. Um longo capítulo dedicado a George Berkeley, o filósofo britânico que tentou demonstrar que a realidade material só existe na percepção que temos dela, tenta enquadrar a narrativa numa moldura teórica. Luísa Costa Gomes criou um romance dinâmico, interessante e cheio de humor.  
Opinião
 Nesta obra, a autora proporciona ao leitor uma visão da sociedade contemporânea através do mundo material e da aparência. Luísa Costa Gomes, através de um conjunto de personagens com profissões ligadas ao mundo da imagem, explora sentimentos e desejos que aparentemente não estão visíveis. Com uma primeira parte da história bem conseguida, através de bons diálogos e com muito humor (embora a estranheza do aportuguesamento de expressões estrangeiras), a segunda metade da obra decai muito de qualidade. O capítulo dedicado a George Berkeley, tem o intuito de enquadrar teoricamente a narrativa, mas torna-se despropositado devido à sua grande extensão e elevada linguagem técnica. O final da obra é completamente desconexo com o restante. Um livro que tinha tudo para ser uma obra interessante, não conseguindo manter o ritmo inicial, torna-se demasiado enfadonha para poder agradar.
2/5

domingo, 4 de setembro de 2011

A Cabeça de Salomé

Autor: Ana Paula Tavares
Páginas: 144
Depósito Legal: 321 329/10
Editora: Editorial Caminho

Autor
Ana Paula Tavares nasceu na Huíla, sul de Angola, em 1952. É historiadora com doutoramento em História e Antropologia. Em Angola, publicou Ritos de Passagem (1985) e em Cabo Verde, O Sangue da Bunganvília (1998). Em Portugal publicou, de poesia: O Lago da Lua (1999), Dizes-me Coisa Amargas Como os Frutos (2001), Ex-Votos (2003) e Manual Para Amantes Desesperados (2006). Publicou ainda A Cabeça de Salomé (Crónica, 2004) e Os Olhos do Homem que Chorava no Rio (Prosa, 2005 – em parceria com Manuel Jorge Marmelo). Tem também publicados estudos sobre História de Angola e está presente em diversas antologias em Portugal, Brasil, França, Alemanha, Espanha e Suécia.
 Sinopse
"Deslizar os dedos por manuscritos antigos"; é o que fazem as vozes enunciadoras das crónicas de A Cabeça de Salomé, cujo corpo poético apreende, por entre o fluir de sons, tradições, cheiros e sabores, a arquitectura insondável dos mistérios da vida, da terra, da magia das letras do mundo angolano de Paula Tavares. Palavras borbulham, transgressoras, no avesso do mito bíblico subvertido: é a cabeça de Salomé a ofertada, mas num cesto cokwe... Tecido por intenso erotismo da linguagem, novos olhares femininos se impõem, seja pela saudade amorosa do velho Kinaxixe, seja pela cartografia dos sonhos de Felícia, seja ainda pela crítica à demolição do palácio de Ana Joaquina. Este livro trata, em última instância, da sedução: da mulher, da terra, da palavra. Merece ser lido, em silêncio, como num ritual de amanhecer...
Opinião
A Cabeça de Salomé reúne um conjunto de contos/crónicas da angolana Ana Paula Tavares, e tem como base as tradições e costumes do país de origem da autora. Com uma visão essencialmente feminista do dia-a-dia da população angolana com as suas crenças e ditados, a obra tenta transmitir todo o sofrimento e angustia do povo angolano dos pós-guerra. Com um estilo algo complexo e confuso, termos e dialectos muito específicos, Ana Paula Tavares, nem sempre consegue o seu objectivo com a clareza necessária.
2/5

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Assassinos Escondidos

Autor: Robert Wilson
Titulo Original: Hidden Assassins
Tradução: Certas Palavras, Lda.
Páginas: 417
ISBN: 978-972-20-3279-7
Editora: Publicações Dom Quixote

Autor
Robert Wilson nasceu em 1957. Licenciado pela Universidade de Oxford, trabalhou em navegação e publicidade em Londres e comércio em África. É autor de vários romances, incluindo O Último Acto em Lisboa, com o qual obteve o Gold Dagger Award para o melhor romance policial. O Cego de Sevilha e As Mãos Desaparecidas, anteriormente publicados na Dom Quixote, são dois êxitos assinaláveis que definitivamente o consagram como um nome maior na cena literária contemporânea.
Sinopse
Enquanto o inspector Javier Falcón investiga um cadáver mutilado e sem rosto, horrendo, encontrado numa lixeira municipal, a encantadora cidade de Sevilha é abalada por uma explosão enorme, que tem efeitos devastadores num prédio de apartamentos e também num jardim-de-infância vizinho. Descobre-se, depois, que na cave do prédio existia uma mesquita, e claro que todos se sentem apavorados com a ideia de uma ameaça terrorista. O calor denso do Verão sevilhano está no seu auge. O terror invade a vida quotidiana, mas, numa cidade em alerta vermelho, Falcón percebe que nem tudo é o que parece. E, quando sabe que lhe falta muito pouco para resolver aquele caso, é confrontado com uma descoberta realmente assustadora. É que talvez não vá a tempo de evitar uma catástrofe gigante, que ultrapassa as fronteiras de Espanha.
Opinião
Robert Wilson consegue com Assassinos Escondidos, escrever um excelente policial em que as personagens têm uma vida além dos acontecimentos principais do livro, e na minha opinião esta é a principal diferença para outras obras do género. A ideia base não é algo de novo, um prédio em Sevilha, no qual a cave serve como mesquita, é alvo de um atentado terrorista à bomba. A acção desenrola-se nesta cidade do sul de Espanha, e tem como fio condutor a investigação policial liderada pelo inspector Javier Falcón. Até aqui nada difere de muitos outros policiais, mas o autor consegue inserir tramas paralelas dos personagens principais que complementam de uma forma inteligente a história principal. Com uma escrita estimulante, Robert Wilson consegue prender o leitor às páginas do livro, que só o consegue largar após a sua leitura total. Não fosse o final ficar uns furos abaixo da restante obra, e estaríamos perante um policial soberbo. Mesmo assim um bom livro para a generalidade dos leitores, e especialmente para os amantes do género. 
4/5

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nova Aquisição

O Príncipe das Marés

Autor: Pat Conroy
Titulo Original: The Prince of Tides
Tradução: Elizabeth Larrabure Costa Correa
Páginas: 461
ISBN: 972-42-0592-4
Editora: Círculo de Leitores

Autor
Pat Conroy nasceu em Atlanta, na Geórgia, em 1945. Autor de nove romances, muitos dos quais adaptados ao cinema, conheceu a consagração mundial com livros como O Príncipe das Marés (1986) ou Beach Music (1995). O Primeiro Verão das Nossas Vidas surgiu depois de um interregno de 14 anos sem publicar ficção e os respectivos direitos de tradução foram já cedidos para 17 países.
Sinopse
Pat Conroy consegue neste livro manter o leitor "agarrado " à leitura já que a sua escrita é bastante atractiva e interessante. A história centra-se na família Wingo. Deixando para trás a beleza selvagem da Carolina do Sul, Tom Wingo parte para Nova Iorque onde sua irmã, Savannah, se encontra internada num hospital para doentes mentais, devido a uma tentativa de suicídio. Aí conhece Susan, psiquiatra, com quem irá procurar os motivos que conduziram a sua irmã a este estado. Perseguido por recordações de infância que julgara ter conseguido esquecer, Tom, apaixonado por Susan, revela-lhe, um a um, os sonhos e pesadelos da sua juventude e os inconfessáveis segredos da família Wingo... Uma fantástica narrativa que não se consegue parar de ler, com descrições pormenorizadas que nos fazem "viver" intensamente a acção... Foi posteriormente adaptado ao cinema por Barbara Streisand e recebeu 7 nomeações para o Óscar. Cativante, emocionante e imperdível!
Opinião
O Príncipe das Marés é o típico livro em que o resumo induz o leitor em erro. Foi a quarta vez que peguei nesta obra, pois o inicio do livro e a sua sinopse sugeriam uma leitura ligth e romântica, da qual não sou propriamente fã. Qual não foi a minha surpresa quando após as primeiras oitenta páginas, verifiquei estar perante uma obra muito mais complexa e interessante. A história incide sobre a família Wingo e as suas vivências, contada por Tom Wingo a Susan, psiquiatra da sua irmã Savannah, que estava internada por tentativa de suicídio. De forma a ajudar Susan com o tratamento da sua irmã, Tom tem que descer até aos medos e traumas mais profundos da família, resultando assim um livro muito intenso que prende o leitor de forma formidável. Com uma escrita atractiva e uma história magnificamente contada, Pat Conroy consegui uma obra fascinante. A melhor leitura do ano até ao momento, recomendo vivamente.
5/5

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nova Aquisição

Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos

Autor: Ana Paula Tavares
Páginas: 44
Depósito Legal: 321 329/10
Editora: Editorial Caminho

Autor
Ana Paula Tavares nasceu na Huíla, sul de Angola, em 1952. É historiadora com doutoramento em História e Antropologia. Em Angola, publicou Ritos de Passagem (1985) e em Cabo Verde, O Sangue da Bunganvília (1998). Em Portugal publicou, de poesia: O Lago da Lua (1999), Dizes-me Coisa Amargas Como os Frutos (2001), Ex-Votos (2003) e Manual Para Amantes Desesperados (2006). Publicou ainda A Cabeça de Salomé (Crónica, 2004) e Os Olhos do Homem que Chorava no Rio (Prosa, 2005 – em parceria com Manuel Jorge Marmelo). Tem também publicados estudos sobre História de Angola e está presente em diversas antologias em Portugal, Brasil, França, Alemanha, Espanha e Suécia.
 Sinopse
A calma poesia da angolana Ana Paula Tavares, que nos deixa na língua e nos olhos os sabores e as cores da sua terra. Sente-se o cheiro também… Muito particular, muito misteriosa, muito feminina… São poemas da guerra que inquieta e desespera as mulheres e as mães, que lhes deixa a alma dolorida e o corpo seco, que lhes tira os filhos. São os deuses que se invocam com palavras humanas. É o Amado que lhe deixa o corpo de mulher vazio. E assim cresce a cada momento a voz intensa das suas palavras.
Opinião
Conjunto de poemas sobre África, mais propriamente Angola, o seu povo, os seus costumes, crenças e formas de viver. Em Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos, Ana Paula Tavares desenha cenários de ausência, saudade e desespero, usando para isso a linguagem nativa, com todas as suas particularidades. Não consegue cativar o leitor, pois apresenta uma linguagem muito própria e conjuntamente com frases difusas, leva a poemas confusos e desconexos.
1/5

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Nova Aquisição

Um Quarto Com Vista

Autor: Edward Morgan Forster
Titulo Original: A Room with a View
Tradução: Manuel de Seabra
Páginas: 221
ISBN: 84-8130-555-3
Editora: Público

Autor
Edward Morgan Forster (1879-1970) nasce em Londres no seio de uma família abastada. Estuda em Cambridge onde obtém a licenciatura em História e Clássicas. Em 1901 inicia uma viagem durante a qual visita a Itália, país onde virá a nascer a sua vocação de escritor e o embrião do romance Um Quarto Com Vista. A publicação das suas obras granjeia-lhe notoriedade junto do público e dos círculos literários; insere-se no grupo de Bloomsbury, ponto de encontro dos mais conhecidos intelectuais anti-conformistas do tempo. Reiteradas estadias na Índia inspiram-lhe o romance Passagem Para a Índia. Considerado um mestre do pensamento progressista e liberal, é eleito presidente do National Council for Civil Liberties em 1934. Continua a fazer longas viagens, escreve ensaios, dá conferências e recebe em 1969 a Order of Merit, uma das maiores condecorações britânicas. Romances e contos: Where Angels Fear to Tread (1905), The Longest Journey (1907), Um Quarto Com Vista (1908), A Mansão (1910), The Celestial omnibus and Other Stories (1911), Passagem Para a Índia (1924), Maurice (1971, póstumo), The Life to Come and Other Stories (1972, póstumo). Ensaios: Aspects of the Novel (1927), Two Cheers for Democracy (1951).
Sinopse
Um Quarto Com Vista narra a história de Lucy, uma jovem da alta burguesia inglesa em viagem turística por Itália. Em Florença, junto da pensão em que se encontra alojada, conhece George, um seu compatriota simples. Durante um passeio, tendo como cenário uma luminosa Primavera italiana, o jovem beija subitamente Lucy, deixando-a surpreendida e emocionada. De regresso a Inglaterra, a rapariga deve retornar e adaptar-se ao ambiente puritano e formal que a circunda, mas algo aconteceu em Itália que deixou marcas e que consegue prevalecer: Lucy abriu os olhos para a vida e iniciou um processo de emancipação. O chamamento do amor e dos sentimentos, nascido nos radiosos campos da Toscânia é mais forte que as convenções sociais.
Opinião
Um Quarto Com Vista retrata de forma extraordinária a estratificação social inglesa do inicio do séc. XX, com todos os seus preconceitos e maneirismos. O autor foca-se igualmente no comportamento (nem sempre socialmente aceitável) dos turistas ingleses em Itália, e principalmente na luta interior entre o que a sociedade espera de uma jovem de classe média, Lucy, e o que a mesma começa a sentir como o que mais deseja e a possibilidade de pensar pela sua própria cabeça. Edward Morgan Forster nem sempre consegue agarrar o leitor, pois muitas vezes utiliza diálogos um pouco confusos e uma linguagem cuidada, mas difusa. Uma obra que se lê com alguma facilidade, com vários pontos interessantes, mas que não consegue entusiasmar.
3/5