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sábado, 15 de outubro de 2011

O Rapaz do Pijama às Riscas

Autor: John Boyne
Titulo Original: The Boy in the Striped Pyjamas
Tradução: Cecília Faria e Olívia Santos
Páginas: 176

ISBN: 978-972-41-5357-5

Editora: ASA
Autor
John Boyne nasceu a 30 de Abril de 1971 na Irlanda e reside na cidade de Dublin. Ensinou língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galardoado com o prémio Curtis Brown. Começou a escrever histórias aos 19 anos e teve o primeiro romance publicado dez anos depois. Trabalhou numa livraria dos 25 aos 32 anos. Boyne lançou recentemente o seu sétimo romance - The House of Special Purpose. Os seus romances foram publicados em 29 idiomas.
Sinopse
Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocausto. Ele não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim, para uma casa numa zona desértica, onde não há nada para fazer, nem ninguém com quem brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas. A amizade com Shmuel vai levar Bruno da doce inocência à brutal revelação. E ao descobrir aquilo de que, involuntariamente, também ele faz parte, Bruno vai, inevitavelmente, ver-se enredado nesse monstruoso processo.
Opinião
O Rapaz do Pijama às Riscas é um livro que retrata a amizade e a inocência em tempos de horror. John Boyne consegue, numa época de crueldade e terror, como foi a 2ª Guerra Mundial e em particular os campos de concentração, contar ao leitor uma história de amizade pura entre duas crianças, que supostamente nem se deveriam ter conhecido. Um livro enternecedor, que agarra o leitor de principio ao fim e não o deixa indiferente, conseguindo mesmo simultaneamente chocá-lo e comove-lo.
4/5

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Boneca de Luxo

Autor: Truman Capote
Titulo Original: Breakfast at Tiffany’s
Tradução: Margarida Vale de Gato
Páginas: 96
ISBN: 84-8130-556-1
Editora: Público

Autor
Truman Capote nasce em Nova Orleães em 1924 e morre em Los Angeles no ano de 1984. O sucesso sorriu-lhe quando era ainda muito jovem, graças ao romance Outras Terras, Outras Gentes (1948), e abriu-lhe as portas do cinema, para o qual intensamente trabalhou como argumentista. Excêntrico, homossexual assumido, em tempos decerto pouco propícios, frequentador irreverente e provocador do jet-set internacional e dos círculos intelectuais americanos, encontrava-se constantemente no centro das atenções, quer dentro quer fora do seu país, um pouco como consciência crítica e um pouco como descontraído bufão. Entre as obras narrativas merecem referência os contos de A Árvore da Noite (1949) e os romances A Harpa de Ervas (1951), Boneca de Luxo (1958), A Sangue Frio (1966), Música Para Camaleões (1980), Um Natal (1983), Súplicas Atendidas (inacabado, publicado postumamente em 1986). De assinalar ainda os ensaios Local Color (1950) e The Muses Have Heard (1957), para além da obra teatral A Casa das Flores (1954).
Sinopse
Holly Golightly, a extraordinária protagonista, é uma rapariga alegremente avessa às convenções sociais e às conveniências, que se orienta nas suas opções por uma profunda moralidade, feita de solidariedade, e de gestos generosos, de absoluta falta de malícia, e que, precisamente por isso, infringe as obtusas normas da moral burguesa. Com a pequena corte de indivíduos “esquisitos” de que se rodeia, constitui um núcleo que involuntariamente prefigura uma sociabilidade diferente, mais aberta e, afinal de contas, mais feliz. Mas o mundo que a circunda não aceita facilmente a sua ingénua atitude contra a corrente, e Holly será obrigada a pagar por isso: envolvida sem culpa numa questão de droga, acabará por se libertar, mas será abandonada pelo homem com quem estava para casar. E, todavia, o conformismo não triunfa, já que a rapariga parte, pronta a recomeçar a sua vida noutro lado, com uma carga vital quiçá acrescida.
Opinião
Boneca de Luxo foi escrita numa época em que o mundo se encontrava sob o espectro da guerra fria, mas já marcada por uma certa ânsia de liberdade e ruptura com os velhos costumes. Truman Capote, cujas características já apontavam para a excentricidade e o não conformismo, escreveu um romance que visava converter o velho modelo puritano de sociedade, num modelo de pura alegria e vitalidade. Consegue com esta obra, divertida e fascinante, uma critica aos velhos costumes e um hino a liberdade e espontaneidade. Um livro com cerca de uma centena de páginas que se lê com bastante agrado, mas que não se consegue diferenciar de muitas outras obras do género escritas nessa época.
2/5

domingo, 9 de outubro de 2011

As Noites das Mil e Uma Noites

Autor: Naguib Mahfuz
Titulo Original: Layali alf layla
Tradução: Cristina Rodriguez e Artur Guerra
Páginas: 253
ISBN: 84-96180-02-6
Editora: Diário de Noticias

Autor
Naguib Mahfuz (Cairo, 1911), o “escritor da alma perdida do Egipto”, é considerado o mais importante e reverenciado prosador árabe contemporâneo. O Beco dos Milagres, Trilogia do Cairo, Filhos do Nosso Bairro, são obras de carácter realista que reflectem a vida quotidiana da sua cidade natal. Outras, como O Ladrão e os Cães, A Codorniz e o Outono ou Miramar, são fábulas que insinuam uma significação transcendente. A sua última produção está constituída por relatos como: Lua de Mel, O Crime ou O Amor Sobre as Pirâmides.
Sinopse
Este romance começa precisamente onde acabam as As Mil e Uma Noites. O sultão, depois de ter ouvido as histórias de Xerazade, decide casar-se com ela. Todos crêem que, graças à sua habilidade como contadora de histórias, Xerazade salvou a sua própria vida e semeou o amor e a piedade no coração do sultão, pelo que, daí por diante, a paz e a harmonia reinariam no país. Contudo, a mudança foi apenas superficial e o sultão, afinal, continuou a desconhecer a compaixão, o amor e a justiça, mantendo-se um homem poderoso mas sem consciência. Como elevar a sua alma e ressuscitar-lhe a consciência? Só através de uma série de acontecimentos dilacerantes que lhe ensinarão o verdadeiro sentido do poder... Valendo-se dos recursos do mundo mágico de As Mil e Uma Noites, Mahfouz traça uma vigorosa alegoria, rica de magia, de pormenores, do fantástico mundo árabe antigo e contemporâneo, com todos os seus conflitos políticos e religiosos.
Opinião
Neste romance Naguib Mahfuz, constrói uma história tendo como base o final do livro As mil e Uma noites, e utilizando algumas das suas personagens, que conjuntamente com outras (algumas delas conhecidas de outras aventuras como é o caso de Sindbad e Aladino) compõem um quadro que visa retratar o mundo árabe. O autor aproveitou o mundo mágico resultante do livro de origem, com os seres do fantástico – os génios do Bem e do Mal, para através da população de um bairro típico árabe, com as suas ambições, medos e desejos, caracterizar os conflitos pessoais, religiosos e políticos. As noites das Mil e uma Noites espelha com mestria a capacidade de Mahfuz denunciar vícios contemporâneos (corrupção, homicídio, poder…), utilizando alegorias baseadas num mundo de magia. A obra é por vezes de difícil leitura devido à complexidade dos nomes de algumas personagens, mas que mesmo assim, consegue transmitir ao leitor uma imagem da sociedade árabe, muito diferente da ocidental e por isso mesmo muitas vezes incompreendida e rejeitada.
3/5

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Horas de Vidro


Autor: Urbano Tavares Rodrigues

Páginas: 103

Depósito Legal: 321 317/10

Editora: Publicações Dom Quixote


Autor

Urbano Tavares Rodrigues não é apenas o grande escritor do Alentejo, das suas gentes e das suas paisagens, é também o romancista e contista de Lisboa e de outras atmosferas cosmopolitas que, como jornalista e professor universitário, bem conheceu, viajando por todo o mundo. Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, membro da Academia das Ciências (Secção de Letras), tem uma vasta obra literária e ensaística traduzida em inúmeros idiomas. Obteve diversos prémios entre eles, o de Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Fernando Namora e o Ricardo Malheiros da Academia de Ciências. Urbano Tavares Rodrigues, que foi afastado do ensino universitário durante a ditadura de Salazar e Caetano, participou activamente na resistência e foi preso e encarcerado várias vezes nos anos 60. O livro de contos A Última Colina é a sua obra mais recente.

Sinopse

Conjunto da obra poética de Urbano Tavares Rodrigues desde 1947 a 2010.

Opinião

Em Horas de Vidro é compilada toda a obra poética do autor até ao presente. Sendo de notar que é a partir do ano 2005 que surge o maior número de poemas, que apresentam como paisagens, tanto o ambiente rural do Alentejo, como a vida urbana de Lisboa. Uma grande parte dos poemas tem como tema recorrente a luz, seja a mesma para descrever acontecimentos reais, estados de espírito ou mesmo imagens imaginárias. Um tipo literário não comum em Urbano Tavares Rodrigues, mas que se lê e aprecia de forma agradável.

2/5

sábado, 1 de outubro de 2011

Zorro - O Começo da Lenda

Autor: Isabel Allende
Titulo Original: El Zorro, Comienza la Leyenda
Tradução: J. Teixeira de Aguilar
Páginas: 443
ISBN: 972-29-0736-0
Editora: Difel

Autor
Isabel Allende, de nacionalidade chilena, nasceu em Lima, no Peru, em 1942. Jornalista desde os dezassete anos, iniciou em 1982, com A Casa dos Espíritos, uma brilhante carreira que a converteu na romancista latino-americana mais lida do mundo. Entre as suas obras destaca-se, além da citada, De Amor e Sombra, Eva Luna, Os Contos de Eva Luna, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, A Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, O Meu País Inventado, Zorro e Inês da Minha Alma.
Sinopse
Nascido no sul da Califórnia no século XVIII, Diego de la Vega é um rapaz preso entre dois mundos. O pai, um militar aristocrata espanhol, é um importante latifundiário. A mãe, por outro lado, é uma guerreira da tribo indígena Shoshone. Da avó materna, Coruja Branca, aprende os costumes da sua gente, enquanto do pai aprende a arte da esgrima e como marcar o gado. Durante a infância, cheia de traquinices e aventuras, Diego é testemunha das brutais injustiças que os indígenas norte-americanos enfrentam pela parte dos colonos europeus, e sente pela primeira vez um conflito interior em relação à sua herança. Aos 16 anos, Diego é enviado a Barcelona para receber uma educação europeia. Num país oprimido pela corrupção do domínio Napoleónico, o jovem decide seguir o exemplo do seu célebre professor de esgrima, e adere “À Justiça”, um movimento clandestino de resistência, que se dedica a ajudar os pobres e indefesos. Imerso num mundo de um ambiente de revolta e desordem, enfrenta pela primeira vez um grande rival que vem de um mundo de privilégio. Entre a Califórnia e Barcelona, o novo mundo e o velho continente, forma-se a personagem do Zorro, nasce um grande herói e começa a lenda. Depois de muitas aventuras – duelos ao amanhecer, violentas batalhas marítimas com piratas e resgates impossíveis – Diego de la Vega, conhecido também como Zorro, regressa à América para reclamar a propriedade onde cresceu, em busca de justiça para todos aqueles que não podem lutar por si próprios.
Opinião
Antes de começar a ler esta obra, estava curioso para ver como a autora tinha conseguido contar a história de Zorro (cujos traços principais são sobejamente conhecidos), mantendo o seu estilo narrativo. Isabel Allende, mais uma vez não desiludiu, pois narra o princípio da vida de Diego de la Vega até à idade adulta e a sua transformação na lenda do Zorro, sem perder os traços principais da sua escrita, baseada no sobrenatural, nas amores e agruras do povo da América do Sul. Este livro apresenta traços de outros autores como: Emilio Salgari - nas aventuras nos mares com piratas e Alexandre Dumas – com as intrigas da burguesia em Barcelona. A autora consegue de forma excelente enquadrar a história e os traços da lenda do Zorro, numa narrativa própria, com todas as suas características, e agarrar o leitor até ao fim da mesma. Não será o livro em que Isabel Allende se apresenta no seu expoente máximo enquanto contadora de histórias (como acontece no livro A Casa dos Espíritos), mas é uma belíssima obra, cuja leitura recomendo.
3/5